sexta-feira, janeiro 11, 2008

Os genes

Às vezes pergunto-me se Samuel Morse quando era puto batia com os dedos na mesa a ensaiar aquela que seria a sua maior invenção, ou se a versão criança de Thomas Edison já pensaria alguma vez em inventar qualquer coisa para iluminar o quarto das crianças que mais tarde brincariam com a invenção de Ole Kirk Christiansen que não tinha Legos para brincar.
Digo isto para me perguntar se as crianças já têm, quando nascem, uma predesposição para o que querem ser no futuro, ou se isso é adquirido durante a aprendizagem e o relacionamento social. Durante o nosso crescimento, queremos ser sempre qualquer coisa, desde médicos a astronautas e até a futebolistas.
No Jardim de Infância do meu filho aconteceu esta semana um caso que espelha essa predisposição para os miúdos seguirem uma actividade. Na sala do meu filho há, e vou dizer isto politicamente correcto, um jovem de ascendência Africana que, por razões de protecção de identificação, vamos apenas chamar de Preto (nome fictício).
Ora o meu filho levou um Porsche para a escola, não confundir com foi de Porsche para a escola, e, como sempre faz, deixou o Porsche no cesto dos brinquedos. Ora, o Preto (nome fictício), marcou o Porsche, e no final do dia, sem ninguém ver, foi ao cesto e levou o carro para casa. Quando o meu filho chega, diz que não tinha o carro porque o Preto (nome fictício) o tinha levado. Embora o meu filho estivesse a raciocinar correctamente, ou seja, se qualquer coisa desaparece a culpa é sempre do preto, perguntamos se não teria perdido o carro em qualquer sitio.
Na manhã seguinte, e quando confrontado com os factos, o Preto (nome fictício) negou que tivesse levado o carro para casa, pelo que a dúvida ficou no ar, e, por instantes, pôs-se a hipótese do Preto (nome fictício) estar inocente...
Claro que muitos de vocês já estão a dizer que é um acto de racismo puro culpar o Preto (nome fictício), por ser mais, digamos, escuro que os demais, mas para esses, digo apenas que o Porsche apareceu na manhã seguinte (tinha mesmo sido levado pelo Preto (nome fictício)), e, como tal não bastasse, vinha sem pneus, jantes, portas, faróis, piscas e tampa do motor. Não levou o auto-rádio porque como o tablier é inteiro, não o conseguiu tirar...
Resumindo, o Preto (nome fictício), de apenas 5 anos, marcou o Porsche, levou-o e desmantelou-o em menos de 24 horas... Será de mim, ou este não quer ser médico?