Pim, Pam, Pum

Quem me conhece, e não serão assim tantas pessoas como isso, sabe que não sou muito dado a lamechices bacocas nem a sentimalismos aguerridos. As coisas são como são e não há volta a dar-lhes. Isto a propósito de, mais uma vez, em terras dos tios Sam e Bush, um qualquer aluno descontente ter morto uma mão-cheia de colegas, e tal facto, como o massacre de Columbine, ter atravessado o mundo e provocado as mais variadas reacções.

Ora uma dessas reacções foi a criação do One Day Blog Silence, ou seja, amanhã dia 30 supostamente a blogosfera manterá um dia de silêncio. Digo supostamente porque haverá, como é óbvio, quem não cumpra esse silêncio, quer por desconhecimento, quer por falta de pachorra... Confesso que fiquei a saber disto numa das minhas visitas diárias a blogs. Pude ler num deles um comentário que isto era uma homenagem a pessoas que morreram de maneira estúpida. Bem, tirando aqueles que por estupidez morrem ao tentar roubar cobre dos cabos de alta tensão, basicamente não estou a ver mortes que não sejam estúpidas. A morte é estúpida e ponto final. Venha como vier, disfarçada de doença, camião TIR ou saída de um cano de uma 6.35.

O que eu acho fantástico são estas pretensas indignações mundiais sofre factos que são dados adquiridos. Se a suposta maior democracia do Mundo dá aos seus cidadãos o direito constitucional de terem uma arma, obviamente a maior democracia do Mundo tem de viver com o facto de os mesmos cidadãos terem o direito de a usar. Se a suposta maior democracia do mundo tem na sua liderança um fantoche que é assumida e descaradamente bélico, não estará na essência do homem seguir o seu líder? O mesmo homem que reza a Deus pelas almas e famílias dos que foram chacinados, mas que assinou uma lei quando era governador do estado do Texas em que qualquer cidadão tem o direito de levar uma arma para a Igreja, desde que não esteja à vista de todos...

Porque raio temos de fazer o que é politicamente correcto? Sabem o que parece o dia de amanhã? O feriado do 1 de Novembro... Fica bem ir em romaria às campas daqueles que não visitamos ou nem sequer homenageamos durante o ano. Mas fica bem...

Durante anos deixámos Timor ao abandono (por mim, podíamos continuar), mas quando todos mais uma vez andavam à catanada, ficou bem ir em marcha a cantar o intragável Ai Timor do Represas com um lenço branco amarrado ao carro...

Quando eu achar que deva homenagear o que quer que seja ou quem quer que seja, fá-lo-ei, não para ficar bem, mas sim para eu ficar bem. E ninguém alguma vez vai saber disso...