sábado, novembro 24, 2007

Um artista português...

Muito se fala da tendência lusa de auto flagelação, na mania que temos de denegrir o que fazemos, de não sabermos dar valor ao que atingimos. O último exemplo foi com a selecção. Continuamos a dar na cabeça do Scolari porque ficámos em 2º lugar do nosso grupo, e que não sei quê, tínhamos obrigação de os ter papado a todos. Basicamente, e o que ficará para a história, é que havia dois lugares que davam a passagem ao Euro 2008, um foi ocupado pela Polónia, e outro por nós. Nada mais a acrescentar. Assim como ao Rock in Rio eu vou, ao Euro, nós vamos, e ponto final.
Depois, temos o reverso da medalha, coisas de que nos vangloriamos, e que, pelo rídiculo, devíamos estar calados. Querem um exemplo? O 25 de Abril, a Revolução dos Cravos, ou Revolução dos Escravos como muitos adolescentes imberbes teimam em afirmar. Além de ter sido uma revolução feita em cima do joelho, que durante largos anos não trouxe grandes melhorias ao país fruto da desorganização de quem ficou no poder, é apelidada como uma revolução tranquila, porque não houve derramamento de sangue. Lamento desapontar os entusiastas desta ideia, mas o conceito de revolução militar exige que haja sangue, troca de tiros entre duas facções, e que a coisa se arraste pelo menos durante uma semanita, com um par de dias de recolher obrigatório, e, se tudo correr bem, há que ver imposta uma lei marcial. Ora a nossa revolução quase nem 24 horas durou, e se não fosse hoje aquela florista oferecer um cravo ao militar que o pôs no cano da G3 (obviamente que bom tuga o poria na orelha à carpinteiro, mas o capacete impedia tal feito), nem sequer teríamos o baptismo de revolução dos ditos.
E isto tudo porquê? Ora bem, isto tudo porque hoje morreu um soldado português no Afeganistão. Não obstante o facto de ser uma perda para a família, o Presidente e o Governo da República já manifestaram votos de pesar e condolências respeitosas pelo facto de um militar portugês, ao serviço de uma força não sei do quê, nem para quê, mas que se quer multinacional, ter perdido a vida. Hoje também morreram uns quantos soldados Italianos num atentado suicida no Iraque. Milhares de soldados Americanos desde a invasão do Iraque, e largas centenas de outros em emboscadas, atentandos e troca de fogo. Aí é que está a diferença entre eles, uns morrem a combater, e o nosso morre num acidente rodovário durante uma ronda. Um acidente que poderia ter na recta da Granja ou na Nacional 125... Quem querem? Não é um artista, mas sim um soldado português...
Antes de receber comentários a criticar a posição deste post, uma posição vertical quem estiver a ler de cima para baixo, queria ressalvar o facto de não estar aqui a satirizar a morte em si (dele) nem as consequências de tal acontecimento.

2 Comments:

At 3:34 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Eu percebi a tua intenção meu caro.
So quem nao tem dois dedos de testa é que não percebe!
Qualquer morte é de lamentar seja la de que forma for,pode nao ser uma forma muito gloriosa de se morrer, mas é uma perda na mesma.
Que o digam os familiares e amigos...

Beijo.

 
At 12:00 da manhã, Blogger Pluma(PrincesaVirtual) said...

Tb entendi...e de facto se nos alhearmos da morte da pessoa em si e da perda para a familia...na verdade não deixa de ser quase «cómico»...

bjs

 

Enviar um comentário

<< Home